San …. tarém,

comme toi, igual não tem

Me engravidou

e me levou bem mais além

 

E eu te fecundei nas barrancas do amazonas

Mergulhei num gozo tapajônico

E me perdi nas areias, salvação

Que tentação

[ó perdição!

 

E meu coração eu deixei em alter-do-chão

O meu corpo, maracã-nem-aí

A minh’alma, peregrina sedução

[a ti eu entreguei, ó flor

 

San …. ta ….rém,

Je te mange, vem cá meu bem

Índia pele morena

Boca grande, olhar que serpenteia

 

E tu me embriagaste de sucos e licores

De poesias, de versos e de amores

Encantado, um boto me ensinou

A só-boto-ser

 

E eu, namorador, meio peixe, meio homem

Meio fera, vampiro, lobisomem

Pelo mundo vaguei e te busquei

Ó Santarém

 

San …. ta ….rém,

Je te mange, vem cá meu bem

Índia pele morena

O teu sorriso me condena

 

Me condena a ser pra sempre um caboquinho

Todo entregue em tuas prenhas mornas águas

Areia branca, lua mágica se espalha

E nos envolve

 

Amor de Açaí, Amor de açaí-ré

Tucuxi, boto branco, poraqué

Em tuas águas tão doces,

Desaguei e bubuiei

 

San …. tarém,

comme toi, igual não tem

Me apaixonou, pra todo sempre

amém

 

San …. tarém,

Je te mange et tu me manges também

Me amaste igual, pra todo sempre

Meu querer bem