“O Brasil Nunca Mais o Brasil”

 
Autor : Oscar Araripe
 
Artista  Homenageado da Bienal das Artes de Brasília 2018 – Sesc – df 
 

 

Gosto muito do silêncio das imagens. Nada mais silencioso que o silêncio de uma imagem bem pintada. Esta qualidade, creio, é o grande diferencial da imagem, especialmente encontrada numa boa pintura. Ser silenciosa para poder gritar. De fato, quanto mais silenciosa a imagem menos ruído possui, e mais grito grita.
Mas, seria possível contar estórias somente com imagens?
À época, e lá se vão 40 anos, com as novidades tecnológicas surgidas imaginei que tais « estórias » pudessem ser contadas através de projeções ao ar-livre, algo que só agora parece possível com a criação das fachadas digitais e dos telões televisivos.
 
As 22 faces da Felicidade são « transcrições visionadas » que se situam em um sítio imaginário, localizadas, poeticamente, em vários locais do Brasil.
Obra visionada de imagens idealmente inventadas em hipotético sítio poético inaugural, de caráter geométrico, figurativo e subjetivo a um só tempo, como se quisesse “dar voz aos minerais, aos vegetais, aos animais e aos etc. e tais, foi imaginada nos primeiros momentos artísticos da pessoalidade, quando pintura e escritura eram uma só arte – e bem poderia estar contando o “ Governo do Poeta”, em cores firmes e suaves, traços, linhas, planos, círculos, pontos e múltiplos auto-retratos, a celebrar o reaparecimento da pintura e o nascimento da liberdade poética. Creio tratar-se de uma sugestiva história imagística de afirmação do gesto pictográfico pessoal, onde o arcaico e o atual, o Oriente e o Ocidente, se constituem num só momento geográfico e histórico -, e que nos remete, ainda e principalmente, ao arcaico erótico da humanidade, onde procuro “devolver à arte erótica a pureza que a pornografia tirou”.
Resultam, assim, de um método ou prática artística que cria uma ponte memorialista entre um passado poético remoto e um presente proto-histórico imaginado. Creio poder com a obra prestar um serviço à preservação da memória pessoal e da criação artística, ao propor, inclusive, uma « ecologia » ou « homeostasia  » da arte, já que a preservação do passado, ainda que tão-só imaginado, é a maior garantia de permanência da arte atual e futura. É, portanto, uma obra de fortes e originais conexões visuais, explícitas e implícitas, artísticas, culturais e memoriais-, da pintura com a literatura e a crítica, destas com a história, a sociologia, a filosofia e a psicologia – e de todas com a própria arte. Destaco a multiplicidade de sua fantasia formal e cromática, de estilo rigoroso e facilmente reconhecido, onde cada quadro é um quadro, cada assinatura autoral uma assinatura diferente, com sua pessoalidade forte e sua beleza
fresca e viva, querendo dizer que o que importa na arte é se tem vida ou não. Creio estarmos no reino da vida e da beleza, ainda que o que se pretenda é inventariar, poeticamente, uma arqueotipia imaginária e pessoal, criadora de uma realidade pictórica inicial. Tal provocação pretende envolver várias províncias do conhecimento e ajudar a suscitar a discussão necessária ao resgate da arte e seu valor social transformador.
Obs – A obra representa, enfim, uma nova abordagem quanto à realização de exposições de arte, visto que grandes imagens são projetadas numa grande fachada de um edifício ou num telão televisivo.

 

 

 

 

Bienal das Artes de Brasília 2018 – Sesc – df
Inauguração: 26/06/2018
Terça-feira, às 18 horas.
Pátio Brasil Shopping – Brasilia

 

Voir sur ce site : Oscar Araripe – Portrait d’artiste

 

 

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